sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sintraturb divulga nota de pesar sobre incidente no TICAN

NOTA PÚBLICA DE PESAR E DE INDIGNAÇÃO

É com grande pesar que a Direção do SINTRATURB vem a público se manifestar sobre o trágico acontecimento do último dia 13 de Fevereiro, no Terminal de Integração de Canasvieiras –TICAN, onde nossa companheira Geovana Terezinha Adriano perdeu a vida. Trabalhadora da empresa Transportes Coletivos Canasvieiras, Geovana (31 anos) era cobradora há um ano e dois meses. Morreu em serviço, ao ser atingida por disparo de arma de fogo durante tiroteio ocorrido no interior do citado terminal.

Geovana é mais uma vítima da violência crescente em nossas cidades, mas também da falta de atitude do Poder Público e do menosprezo dos patrões do transporte com relação a nossa segurança no trabalho. Infelizmente, ela não é a primeira vítima fatal de nossa categoria durante o trabalho, além de outros que sobreviveram após serem baleados durante assaltos.

No entanto, nem os patrões, nem o Poder Público tomam atitudes para garantir maior segurança aos trabalhadores do transporte, que estão cada vez mais expostos a situações como esta. Sabemos não haver segurança 100%, mas para casos como o do transporte coletivo, onde trabalham e circulam milhares de pessoas todos os dias é urgente uma política pública diferenciada para a segurança.

O SINTRATURB propôs ações preventivas aos patrões para momentos de trabalho em grandes eventos, como shows de grande porte, jogos de futebol e carnaval. Nunca fomos atendidos.

Com as autoridades públicas não é diferente. Nos últimos anos já estivemos reunidos, por várias vezes, com Secretários de Segurança do Estado, com o alto Comando da Policia Militar e com representantes da Prefeitura de Florianópolis. Destes tivemos algumas respostas concretas e positivas, que perduraram durante algum tempo após as audiências, para depois tudo “voltar à normalidade”, ou seja, ficarem os trabalhadores do transporte novamente abandonados a própria sorte.

CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA

Sabemos que o tráfico de drogas está tomando conta do Norte da Ilha, região que tem se notabilizado, entre outras coisas, por enorme aumento da violência nos últimos anos. Por terem horários regulares e nenhuma segurança preventiva, os ônibus do transporte coletivo são, sabidamente, muito utilizados por traficantes para transportarem e repassarem drogas. Por isso, em diversas reuniões, procuramos fazer com que a empresa Canasvieiras adotasse medidas preventivas, aumentasse o efetivo de seguranças no TICAN durante a temporada de verão, e, em algumas linhas e horários, adotasse segurança dentro dos coletivos. Com a alegação de altos custos e de que isso é uma obrigação do Poder Público, a empresa Canasvieiras, assim como todas as demais, nada faz.

CARNAVAL: UM PROBLEMA SEMPRE IGNORADO PELOS PATRÕES

Como já dissemos, há muito tempo procuramos negociar com o SETUF/SETPESC condições diferenciadas de trabalho durante grandes eventos, em especial nos dias de Carnaval e jogos de futebol que exigem viagens especiais. Isso passa por questões como: horários de trabalho, remuneração diferenciada e segurança. Nesses momentos são constantes as depredações dos veículos, recusas de pagamento do valor da tarifa, xingamentos e até agressões físicas aos motoristas e cobradores. Durante o período de carnaval, em especial à noite, a grande maioria da categoria não quer trabalhar, sabendo que estará muito mais exposta e porque os patrões se recusam a REMUNERAR ESTAS HORAS de forma diferenciada, nem mesmo admitem um simples adicional de periculosidade.

Mas, diante da ordem superior e temendo represálias, nossos(as) companheiros(as), como a Geovana, acabam se submetendo a este trabalho mais perigoso e insalubre. O transporte tem que funcionar 24 por dia e 365 dias por ano. Só isso já recomenda uma atenção especial a seus trabalhadores.

E AGORA, TUDO CONTINUARÁ COMO ANTES?

Esta é a pergunta que, mais uma vez, fica no ar. Já a fizemos no passado, após fatos trágicos como esse. Para proteger seu lucro algumas empresas colocaram cofres blindados nos ônibus e obrigam os(as) cobradores(as) a colocar no seu interior o dinheiro recebido das tarifas. E nós trabalhadores? E os usuários do sistema?

Estamos de luto em nossa categoria e lamentamos esta perda com sua família e amigos. A direção da empresa e autoridades “competentes” farão a encenação de sempre, mas a única atitude realmente aceitável é ATITUDE DIFERENTE, é uma política de segurança diferenciada para o transporte coletivo.
Quantos de nós ainda morrerão até que se faça alguma coisa?

SINTRATURB: UM SINDICATO DE LUTA

Fonte

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