No dia 18 de fevereiro, representantes da Direção do Sindprevs/SC e do Sindsaúde foram até os hospitais Celso Ramos, Regional de São José e Universitário conversar com os servidores estaduais e federais lotados no Hospital Florianópolis (HF) que foram deslocados para trabalhar nessas unidades de saúde, durante a reforma do HF. Os representantes sindicais ouviram muitos relatos indignados e reivindicações dos servidores e estarão cobrando da Secretaria Estadual de Saúde em reunião, que será realizada no dia 24 de fevereiro, às 16 horas. Essa reunião deveria ter ocorrido no dia 10 de fevereiro, mas foi transferida para essa quarta-feira.
A situação mais crítica foi encontrada no Hospital Celso Ramos, onde os servidores do HF estão no 7º andar, cuidando de oito leitos no setor da Clínica Médica. Na prática, os leitos estão sendo ocupados por pacientes que não encontraram vaga em outro setor do Celso Ramos. Encontram-se internados no 7º andar pacientes pós-cirúrgicos e até um caso de transplante de rim, sem as condições adequadas. Para dar conta dessa demanda, 12 técnicas de enfermagem dividem a escala de plantão, e uma enfermeira fica disponível no período da manhã. No período da tarde, os trabalhadores só contam com a supervisão de uma enfermeira do Celso Ramos, que só aparece se for chamada. Como ela, os demais funcionários do Celso receberam muito mal os trabalhadores do HF e agora ignoram a presença e as necessidades dos servidores e dos pacientes do 7º andar.
Além da insegurança de não contar com a presença constante de um profissional da área de enfermagem, como ocorria, os servidores do HF que estão trabalhando no Celso Ramos também não possuem um escriturário (profissional responsável pelo controle dos medicamentos, da entrada das visitas, dos papéis de internação, da marcação e encaminhamento dos pacientes para os exames, entre outros), nem um chefe imediato. Eles têm dificuldade até em conseguir medicamentos e materiais para os pacientes. Os servidores chegam até a buscar materiais no HF para realizar curativos. Todo esse quadro já foi relatado para a Gerente da Enfermagem, Ledronete Silvestre.
Do centro cirúrgico para a UTI
Cinco leitos da UIT (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Regional de São José foram reativados e colocados aos cuidados dos servidores do Centro Cirúrgico do Hospital Florianópolis. Apesar de bem recebidos pelos servidores do Regional, os trabalhadores do HF ainda ressentem a falta de treinamento para atuarem em UTI. Eles contaram que além da dinâmica de trabalho ser muito diferente, o perfil dos internados é totalmente distinto. Na UTI do Regional são comuns pacientes submetidos a cirurgias de grande porte. Isso mexeu muito com o lado psicológico dos servidores, que não estavam acostumados a atender tantos pacientes jovens e politraumatizados.
Apesar de estarem sendo controlados pelo ponto digital no Hospital Regional, os servidores sabem que a Chefia do Hospital Florianópolis liga diariamente para saber da presença dos servidores nos três turnos. Infelizmente nenhuma chefia aparece para informar como ficará a escala do próximo mês, nem pra ouvir as angústias dos trabalhadores do HF. Devido ao bom relacionamento entre os servidores do HF e do Regional, está sendo discutida a unificação dos leitos e das escalas de plantão. Para isso ocorrer ainda faltam escriturários e enfermeiros.
Hospital Universitário
Os trabalhadores federais e estaduais do HF que foram realocados para o Hospital Universitário (HU) estão trabalhando nos 27 leitos do 3ª andar. Eles encontraram uma ótima estrutura física no HU, no andar que foi mobiliado e equipado pela Secretaria Estadual de Saúde. Devido à baixa ocupação dos leitos – somente seis, no dia da visita dos representantes sindicais –, os servidores do HF estão sendo pressionados a irem trabalhar em outros locais. Essa pressão é feita por telefone, na hora em que os trabalhadores assumem o plantão. E já aconteceu de o servidor ir para outro hospital e depois ser chamado para voltar para o HU, num total descaso com os deslocamentos realizados.
Os servidores do setor de nutrição do HF, deslocados para o HU, reclamam que estão sobrecarregados com as demandas gerais do Hospital e também há desvio de função. A nutrição do Florianópolis foi desmantelada, mas as nutricionistas estão sendo chamadas para dar conta de demandas de pacientes que estão na emergência, que, em parte, continuou funcionando. Sem o apoio dos servidores da copa, elas têm muita dificuldade em prestar o apoio necessário.
A garantia do retorno
O Sindprevs/SC e Sindsaúde tentarão conseguir também a realização de uma audiência pública sobre a reforma do HF. As entidades avaliam que é importante que a população acompanhe atentamente a reforma, e que o HF volte a abrir suas portas como um Hospital totalmente público.
A reforma do HF, inicialmente delimitada ao setor da Emergência, nos últimos dias de janeiro de 2010 transformou-se numa obra de todo o prédio, com a realocação dos servidores para os hospitais Celso Ramos, Regional de São José e Universitário. Os trabalhadores estão conscientes da necessidade da reforma, mas não vão abrir mão de seus direitos.
A maioria deles está prestes a se aposentar, após toda uma vida dedicada à saúde pública de qualidade, e merece respeito e consideração dos administradores públicos. O Sindprevs/SC e o Sindsaúde estão acompanhando atentamente a situação dos servidores federais e estaduais do HF e estarão encaminhando todas as lutas necessárias para manter todos os direitos desses trabalhadores.
Fonte
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
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