Artigo do Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina José Álvaro de Lima Cardoso
O ritmo muito forte de crescimento da economia brasileira, verificado no primeiro trimestre, estava diretamente relacionado aos estímulos fiscais dados ao consumo, além do fato de a economia estar em um processo de recuperação em relação a 2009, quando não cresceu. Os dados do comércio varejista de maio já mostram que há um crescimento – 1,4% no volume de vendas e crescimento de 0,4% na receita nominal, na comparação com o mês anterior – mas sem características explosivas.
É verdade que nos últimos 12 meses, os onze segmentos do comércio registraram resultado positivo com destaque para Veículos, Motos, partes e peças (17,3%); Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (15,1%) e Artigos Farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (12,3%). Entretanto no varejo em geral, nos últimos doze meses, a variação acumulada ficou em 8,8% para o volume de vendas e 12% para a receita nominal. Ou seja, o consumo continuará puxando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas deve entrar numa fase de acomodação.
Tanto porque foram reduzidos os incentivos fiscais para estimular o consumo, quanto em função da mais recente elevação dos juros. Essa acomodação do consumo, se confirmada, é importante - neste momento que o Brasil começa a aumentar os seus problemas nas contas externas - pela eventual redução concomitante das importações de bens de uso final, principalmente.
Um dado que merece especial atenção na atual conjuntura é o índice de atividade do Banco Central (IBC-Br), que é um indicador antecedente do PIB, cada vez mais acompanhado pelos agentes econômicos. Segundo o referido indicador, em maio a economia brasileira interrompeu um processo seguido de crescimento de 16 meses, visto que vinha apresentando elevação do Índice desde janeiro de 2009. Este indicador, e outros, como a acomodação do crédito concedido às empresas, levou o Banco Central a desacelerar a elevação da taxa de juros (Selic),no dia 21 de julho.
O cenário mais provável, para a economia brasileira no segundo semestre é de continuidade da expansão dos investimentos, crescimento moderado do PIB, e preços sob controle. Em face desta conjuntura o correto seria o Banco Central sustar, sem vacilações, o atual ciclo de elevação dos juros básicos da economia, sob pena de tal política comprometer o crescimento em 2011.
Fonte Dieese
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
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